terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Louboutins



Uma vez estava em São Paulo para entrevistar Christian Louboutin. Logo de cara, ele elogiou uma pulseira que eu vestia, da Francesca Romana Diana, bem brasileira e colorida, com estampa a partir de um quadro da Leli Orleans e Bragança.

Pensei como se eu estivesse naquele programa do Silvio Santos:

"Mariana, você troca sua pulseira por um par de Louboutins?"

"SIMMM", eu gritaria, de dentro da cabine.

Mas me controlei porque pegaria mal, afinal, estava lá com Louboutin, e a trabalho.

Ele me contou sobre a ideia de colocar todos os seus sapatos com a sola vermelha. "O vermelho é o símbolo do amor, dá vida ao sapato. Vermelho é sangue, é paixão. O sapato é para ser como aquele lenço elegante, que a mulher joga no chão quando está atraida por um homem, na esperança de que ele pegue o lenço para ela".

Bom, o fato é que saí da entrevista encantada com o cara. Isso, aliado à minha paixão supervermelha por sapatos, me fez ir da entrevista diretamente para o Iguatemi, experimentar Louboutins na loja do designer no shopping.

Cheguei lá, experimentei vários, a média (por baixo) era R$ 3 mil cada par.

Não ganho para isso.

Aí, uns meses se passaram e estava com uma prima na Flórida, que me levou aos outlets de Orlando. Ela me disse que algumas lojas costumavam ter modelos Louboutin _ uma coisa isolada: um modelo, um par, um tamanho.

Estava desacreditada, mas não é que eu vi um par lá perdido, e por US$ 299?

E mais: do meu tamanho!

Destino.

Comprei o tal par. "R$ 600, um absurdo", o cara com quem estava casada que também me acompanhava na viagem esbravejou.

Argumentei que R$ 600 é o preço de um sapato bom qualquer no Brasil. E só. Nem contei para ele a história minha com o Louboutin, ele realmente não iria entender.

Voltei para o Brasil feliz da vida com meu lindo par. O sapato é lindo, super bem feito, e confortabilíssimo.

Ficou lá algumas semanas, guardado numa caixinha, esperando uma ocasião para sair por aí.

Resolvi usar na festa de uma amiga. Só que, depois fui ver, o selo de US$ 299 estava grudado na sola. E nada conseguia remover a cola que o selo deixou.

Um pedaço da sola vermelha saiu nas minhas tentativas, chorei, meu marido ficou finalmente comovido, tentou pintar a sola com esmalte da mesma cor (desta vez ele foi fofo!), e fui para a festa com o sapato.

Só que a cola restante fez grudar tudo e um pouco mais na sola.

Cheguei em casa e a sola estava imunda, já não era mais vermelha, e sim, preta.

Achei um sapateiro ótimo no Leblon, que raspou a sola toda, tirou a cola e pintou-a de vermelho de novo.

Fiquei muito feliz.

Aí fui usar de novo o tal sapato na semana passada, na Moo.

Choveu, tinha areia no lugar da festa. E me vi hoje de manhã cuidando da tal sola de novo, limpando com todo o cuidado, removendo os resíduos grudados.

Bom, tudo isso para dizer que dá muito trabalho ter um Louboutin com sola vermelha intacta. Ainda mais comprado numa liquidação com aqueles selos medonhos.

Que ódio.

Sugiro usar este tipo de sapato somente numa "red carpet situation". Não é à toa que ele aparece tanto nos pés das celebridades.

Ou ...

Aceitar as imperfeições da vida.

ou...

De repente, Louboutin ensinou para a gente que é preciso cuidar muito bem, de tudo que é bom.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem? Me diverti lendo sua narração Louboutim... Realmente é muito difícil ter um... Mas enfim, onde foi que vc comprou em Orlando? rsrsrsr Estou indo pra lá e quero matar esse desejo!!!! Fernanda Jayme

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